São Bernardo, livro de Graciliano Ramos
04/03/2025
Fábio Costa Fadel

Vou começar como de costume com algumas chaves de leitura do livro São Bernardo, de Graciliano Ramos.
- Assim como em Felicidade Conjugal de Tolstoi a narradora é ela mesma personagem principal, semelhantemente aqui em São Bernardo o livro é escrito pelo personagem principal em primeira pessoa, Paulo Honório. O que nos faz pensar sobre a escrita terapêutica: escrever é um momento de introspecção e nesse sentido, favorável ao processo de tomada de consciencia e mudança pessoal.
- Paulo Honório é homem ambiciosa, quer a posse da terra chamada São Bernardo e consegue. Faz dinheiro. Tem influencia sobre políticos. Escondida fica sua vulnerabilidade não reconhecida, jaz um homem sozinho. O pedaço de terra atualmente mudou para um sítio, também, mas das redes virtuais, onde cada qual luta para conquistar sua terra.
- Alguns trechos são memoráveis: da negociação sobre o preço da fazenda; com a velha Margarida; quando se decide por casar; quando encontra uma folha uma carta endereçada a um homem.
Quanto às personalidades do narrador protagonista:
- 5 Grandes fatores
- Abertura: muito baixa abertura a novas ideias, a novas formas de ser e agir
- Conscienciosidade: muito alta, para levar a cabo a compra das terras que queria e de se casar sem amor, mas como parte de um plano que executa fielmente. Conquista o que quer.
- Extroversão: deve ter média extroversão, sabe se socializar, mas guarda individualismo. É pragmático.
- Amabilidade: muito baixa, é um grosseirão do agreste, como ele mesmo diz. Muito prático, não demonstra habilidade empática.
- Neuroticismo: muito alto, exemplificado nos ciúmes, nessa perda de controle e posso sobre a mulher.
- Possível eneatipo 8, ou 6 no máximo; voltado para o poder físico, a intimidação, o mandar nos outros como forma de se proteger. Uma relação de igual com uma esposa se mostra impossível. Paulo Honório tem "um ego forte".
- Pela Teoria do Apego de Bowlby, pensamos Paulo Honório como tendo um apego evitativo, buscando manter as relações não por sentimento mas pelo poder e pelo controle.
- Analisando pela teoria de As 5 Feridas Emocionais, de Bourbeau, provavelmente tenha a ferida de Traição, pelo controle que busca exercer sobre tudo. Ele não mostra sentir rejeição, abandono, humilhação ou injustiça, mas por outro lado desconfia de todos.